E agora?

Quem nunca se perguntou isso, após olhar fixamente por algumas horas pra tela de um computador? Saber que existe inúmeras possibilidades ali dentro, confunde, dá medo e até assusta.
Perdendo ou conquistando, a pergunta é sempre a mesma, “E agora?”.  
Essa parece ser a nossa geração, um constante envolvimento entre o tudo e o nada.
Foi muita pretensão minha querer ter feito diferente. Eu poderia ter nutrido minha ambição ou minha saúde, mas isso não bastava. Então, sem nenhuma prevenção, mergulhei na vontade me sentir melhor, sempre. Outro problema, pois, nessa realidade fragmentada, nada é para sempre.
O problema é que os bares não são como nos filmes, onde alguém de repente se senta ao seu lado e puxa conversa. Talvez, um dia até tenha sido, mas não é mais.
E vejam vocês: Cá estou eu esperando uma atualização qualquer, alguém que me diga “Hey, posso salvar o seu dia?” Mas as coisas não funcionam assim, alias, desconfio até que as coisas funcionem.
Dentre ruas estranhas parece não haver nada além de um lugar inabitado, para invadir e se esconder por algumas horas, no auge de um instinto animal feito um gato.


Há quem diga que tudo isso é besteira, mas besteira ainda maior é ignorar tudo isso. Desconfio que a vida esteja naquilo que a gente não diz.

Perfil

Você que fala outros idiomas e tem tantos amigos
Você que vive cheio de acessórios e está sempre bem vestido
O que você tem a me oferecer, além disso?
Além dessa capa, de um refúgio forçado

Você que conhece mundo afora e parece sempre atualizado
O que você realmente pode me oferecer, além do planejado?
Sua presença ilícita foi uma opção sem sentido
Mas a minha própria vida tem sido um engano concedido

Você que senta na frente do computador e permanece
Que se retraí, ora quer bem, mas facilmente se esquece
O tempo passa e o amor também

Você que conta os segundos, não fique perto mim!
Se eu te pedir 10 minutos, deixe passar o quanto for necessário
Deixe o tempo revelar o que vai acontecer
Porque cronometrar só faz enlouquecer

Você. Saiba que o tempo passa e o amor nem sempre volta.

Interpretação de pessoas

“Tudo o que sentimos é uma reação a estímulos” foi uma amiga que disse. Cada um interpreta o que sente de acordo com suas vivências e valores. De alguma maneira, quase que intuitiva, sabemos que é assim.

“Na aula de hoje, ao invés de texto, vamos treinar nossa habilidade para interpretar pessoas, afinal são elas que estão por atrás do que lemos. Escrevam em seus cadernos e troquem entre si.”
Depois de conversar sobre isso, tive esse devaneio, que pela profundidade, tão logo virou sonho de infância. Será possível interpretar o modo como os outros enxergam o mundo? Me perco tão rápido pensando nisso.
Amar demais é minha forma de sentir, de respirar, de existir e a culpa é toda minha, por ter aceitado que o amor fizesse parte de mim. Sei lá, vai ver achei que este fosse um sentimento bonito, humano, divino. Talvez até seja e, por isso, é tão terrível eliminá-lo.
Pode ser que não seja, ou ainda que se trate de mim mesma, mas são tantas as tentativas de não magoar aqueles que me cercam.

E já chega. Quando a gente levanta da cadeira e começa a pensar, aí é que acaba um texto e começa outro. 

Passagem imaginária

Não, essa história não é de hoje. Mas, como ela não sai da minha cabeça, decidi contá-la. Estava voltando para casa e talvez, estivesse transbordando em expectativas. Em pé no ônibus, vi uma menina acompanhada de sua mãe e sua irmã. A mãe estava sentada à janela, a irmã em seu colo e a menina ao lado. A menina gesticulava e falava em tom forte, buscando dar vida aos personagens que inventou. A irmã, menor, se divertia. Adorava participar da brincadeira. A mãe já estava cansada, cabelo bagunçado, olhar triste e distante, porém, vez ou outra, dava um sorriso de lado. E a menina continua: ora era pirata, outra ora capitão, e sei lá quantos outros que não consegui identificar. Ela usava óculos. Diante daquela cena, tive uma certeza: Que a imaginação é mais importante que o conhecimento, sim, como já dizia a velha e clichê frase de Albert Einsten. Isso porque, o conhecimento se aprende com a malícia de se obter algo em troca. Seja dinheiro, status, enfim... A imaginação não. É um ato bem mais humilde e humano, desprendido de recompensas sociais, apenas intimas ou divididas, como foi o caso. O problema é que crescemos e muitas vezes nos tornamos a descrição da “mãe”. Não temos mais a inocência de imaginar, de criar, de ver o novo, principalmente, frente a situações difíceis. Isso, passa a ser exclusividade das crianças. Até porque, a imaginação pode ser muito perigosa, se tomada por adultos. Eles tendem a confundir imaginação com ilusão. E acabam por achar que ela não é necessária, o que é um enorme erro que o conhecimento nos faz cometer. 

Qualquer noite dessas

O dia está fadado a repetições e fingimentos. “Tudo bem?” “Comigo tudo sim”. A noite é que reflete o interior de cada um. “Tive um dia difícil hoje”. Depois que escurece tudo fica mais imprevisível. 
Encontrei, de repente, um homem de múltiplas facetas. Em seu corpo, as cores ganhavam formas. Os ares de sua casa me traziam vagas lembranças, que tentei identificar, mas não consegui. Se alguém perguntar porque fui até lá, direi que é antiético negar uma xícara de café e, como sou de uma família tradicional, procuro respeitar a moral e os bons costumes, pois, sem eles, o que seria de nós? Ironias a parte, seriamos muito mais honestos, acredito. Voltando à visita, durante todo o tempo que passei lá, inúmeros momentos não saiam da minha cabeça e, enquanto isso, tentava me entender com a solidão. Poxa, estávamos nos dando tão bem, até você aparecer. Agora, ela me apavora, atormenta, me transforma em um não saber constante. Será que você não se interessa mais por mim? Se fosse, porque me disse tantas ternuras? Aonde posso guarda-las, agora que tudo terminou? Só tenho um baú vivo de recordações, chamado coração. Não quero continuar vagando noite afora. Já não busco mais prazeres imediatos e talvez, até me conheça o suficiente. 

CAOSASCO

Quem desembarca na estação de Osasco é logo surpreendido com o tamanho do centro comercial da cidade. “Tem bolsa, sapato, roupa, de tudo quanté jeito aqui, né?” Realmente, no quesito produto, tem de tudo. Osasco cresceu desenfreadamente, e hoje é responsável por uma das maiores economias de São Paulo e, consequentemente, do Brasil.
 O problema é que a estrutura da cidade não acompanhou seu crescimento comercial. “Nossa, falta ônibus, hospital e escolas, por aqui, né?” Sim, no quesito qualidade de vida, falta de tudo. Leva-se mais de 40 minutos esperando um ônibus, isso porque muitos moradores possuem apenas uma opção de linha. As avenidas estão cada vez mais congestionadas e o transito faz com que um trajeto que, pela proximidade, dura minutos, demore horas. E ainda temos que pagar três e vinte por isso, valor bem acima da passagem de outras cidades. 
Então a onda de protesto que invadiu o país, chegou também por aqui. Milhões de pessoas fecharam as ruas da cidade para protestar contra o aumento da passagem. O movimento estava desorganizado e com um foco um tanto indefinido e, após a passeata, muitos presentes não sabiam como prosseguir. Mesmo assim, no mesmo dia, a passagem abaixou para três e dez. Dizem que os protestos continuarão. E devem continuar mesmo, porém com cuidado para não cometer os mesmos erros do primeiro. 
Acho que depois de habitar uma cidade por alguns anos, ela passa a morar em nós. Suas ruas contam histórias que, boas ou ruins, são sempre nostálgicas. Osasco mora em mim, por isso, o desejo em protestar para melhorias desta cidade permanecerá sempre aceso.  

Até Mais!

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