Quem desembarca na estação de Osasco é logo surpreendido
com o tamanho do centro comercial da cidade. “Tem bolsa, sapato, roupa, de tudo
quanté jeito aqui, né?” Realmente, no quesito produto, tem de tudo. Osasco
cresceu desenfreadamente, e hoje é responsável por uma das maiores economias de
São Paulo e, consequentemente, do Brasil.
O problema é que a estrutura da
cidade não acompanhou seu crescimento comercial. “Nossa, falta ônibus,
hospital e escolas, por aqui, né?” Sim, no quesito qualidade de vida, falta de
tudo. Leva-se mais de 40 minutos esperando um ônibus, isso porque muitos moradores possuem apenas uma opção de
linha. As avenidas estão cada vez mais congestionadas e o transito faz com que
um trajeto que, pela proximidade, dura minutos, demore horas. E ainda temos que
pagar três e vinte por isso, valor bem acima da passagem de outras cidades.
Então a onda de protesto que invadiu o país, chegou também por aqui. Milhões de pessoas
fecharam as ruas da cidade para protestar contra o aumento da
passagem. O movimento estava desorganizado e com um foco um tanto indefinido e,
após a passeata, muitos presentes não sabiam como prosseguir. Mesmo assim, no
mesmo dia, a passagem abaixou para três e dez. Dizem que os protestos
continuarão. E devem continuar mesmo, porém com cuidado para não cometer os
mesmos erros do primeiro.
Acho que depois de habitar uma cidade por alguns
anos, ela passa a morar em nós. Suas ruas contam histórias que, boas ou ruins,
são sempre nostálgicas. Osasco mora em mim, por isso, o desejo em protestar para
melhorias desta cidade permanecerá sempre aceso.