O dia está fadado a repetições e fingimentos. “Tudo bem?”
“Comigo tudo sim”. A noite é que reflete o interior de cada um. “Tive um dia
difícil hoje”. Depois que escurece tudo fica mais imprevisível.
Encontrei, de
repente, um homem de múltiplas facetas. Em seu corpo, as cores ganhavam formas.
Os ares de sua casa me traziam vagas lembranças, que tentei identificar, mas
não consegui. Se alguém perguntar porque fui até lá, direi que é antiético negar uma xícara de
café e, como sou de uma família tradicional, procuro respeitar a moral e os
bons costumes, pois, sem eles, o que seria de nós? Ironias a parte, seriamos
muito mais honestos, acredito. Voltando à visita, durante todo o tempo que
passei lá, inúmeros momentos não saiam da minha cabeça e, enquanto isso, tentava me
entender com a solidão. Poxa, estávamos nos dando tão bem, até você aparecer.
Agora, ela me apavora, atormenta, me transforma em um não saber constante. Será
que você não se interessa mais por mim? Se fosse, porque me disse tantas
ternuras? Aonde posso guarda-las, agora que tudo terminou? Só tenho um baú vivo
de recordações, chamado coração. Não quero continuar vagando noite afora. Já
não busco mais prazeres imediatos e talvez, até me conheça o suficiente.